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A HORA DA CORUJA
Por: Prof. Ms. José Marinho M. Dias Neto

Espero que nossa comissão técnica tenha observado com atenção o Europeu 2005. Esta competição é um verdadeiro aperitivo para o Mundial do Japão. Os mais precipitados podem tripudiar do nível do torneio devido aos baixos escores. Cabe ressaltar que a quadra de basquete tem dois lados. Vence a partida quem faz mais pontos que o adversário ou quem impede que o oponente faça mais pontos que você.

Não sei se pelas ausências de alguns grandes jogadores (Jasikevicius, Macijauskas, Stojakovic, Gasol, etc) ou pelo alto nível dos sistemas defensivos, mas foi inegável que as partidas foram disputadas de forma muito conservadora. Pouco espaço foi dado para a criatividade. O 1x1 praticamente não existiu. A Grécia, inclusive, resgatou o velho “oito” dos porões da década de 60 na tentativa de valorizar ainda mais a posse de bola. Parecia que estávamos revivendo o Mundial de 98 (o pior da história) ou a Olimpíada de Sidnei, aonde assistimos jogos com baixos placares, muita defesa e muito contato físico. Não chegou a ser um vale-tudo tipo New York x Miami de anos atrás, mas as equipes se propuseram primeiro a defender e depois ver o que dava para fazer.

Nós não podemos nos iludir. Se por um lado nós desenvolvemos um jogo bem mais aberto e voltado para a cesta, por outro encontraremos enormes dificuldades no jogo 5x5 e no trabalho dentro do garrafão. Por mais que alguns de nossos atletas estejam atuando na NBA, as defesas da Europa usam muito mais o “body checking” (contato corporal), dificultando a movimentação de quem não tem a bola. No Brasil, os árbitros se protegem com o apito. Qualquer coisinha é falta, criando péssimos hábitos em nossos jogadores. Arbitragens ruins, aliás, não são privilegio das Américas.

Nossos pivôs melhoraram sua condição atlética, é inegável. Mas ainda existe carência de massa muscular. Se o Murilo sentiu dificuldades na Copa América, seria como a colisão de um fusquinha com um FNM no Europeu. André Bambu, nem pensar! Para conseguirmos colocar em prática nosso estilo de jogo, precisamos controlar os rebotes. Tivemos sérias dificuldades neste fundamento durante a Copa América. Contra equipes européias, passaríamos mais apertos ainda. Além disto, no velho continente os pivôs são acionados com freqüência, forçando nossa defesa interior e propiciando rebotes curtos, menos efetivos para o jogo de velocidade que tentamos implementar. Por outro lado, pudemos observar muitos erros técnicos, que podem se transformar em contra-ataques para nós. Precisamos tentar quebrar a qualquer custo o controle do ritmo de jogo europeu. Minha maior duvida é se nossos jogadores dominam os conceitos do jogo o suficiente e se eles terão paciência para se adequar a esta realidade.

Num artigo subseqüente irei destacar algumas movimentações ofensivas bastante interessantes. Agora, porém, não há como me furtar de uma analise mais criteriosa dos sistemas defensivos observados no Campeonato Europeu.

Vamos lá:

  • A mudança de postura ataque/defesa é instantânea. Não há tempo para lamentar um erro ou reclamar da arbitragem.

  • A presença no rebote ofensivo é mandatória para dificultar o primeiro passe.

  • A volta para defesa é muito rápida e concentrada no lado da bola, evitando o arremesso de três pontos na transição e o trailer dos pivôs.

  • A bola não está sendo tão apertada como antes. O que se vê é uma defesa mais plantada, tentando evitar desequilíbrios. Tudo é feito para manter a igualdade numérica.

  • Não existe dobra de jogadores externos sob pena de um arremesso de três pontos do lado oposto após uma rápida virada de bola.

  • Muito contato físico de tronco e quadril para impedir a livre movimentação de quem não tem a bola.

  • Em caso de falta, nunca permitir o arremesso de bonificação.

  • A recuperação após uma ajuda é sempre feita com o peso corporal depositado sobre a perna de trás, facilitando a mudança de direção.

  • Quem ajuda sempre será ajudado. Quem foi batido recupera a posição defendendo o adversário de quem fez a ajuda.

  • Na maioria das situações, o defensor procura seguir atrás do adversário em caso de bloqueio de dentro para fora. Imediatamente antes do bloqueio, o defensor deve procurar o contato com seu adversário procurando obter um espaço entre ele o bloqueador. Ao sair do bloqueio, o defensor deve fechar imediatamente o centro da quadra. O lado da quadra será guarnecido pelo marcador do bloqueador.

  • No caso do “pick and roll” (jogo 2 a 2), o jogador que defende a bola seguirá atrás de seu oponente direto, cabendo ao pivô fazer a ajuda e recuperação (finta defensiva), sempre com um dos braços erguidos e a uma distancia de um braço de seu adversário direto. Em caso de troca, o pivô deverá acompanhar o adversário em diagonal para trás, tentando guarnecê-lo perto da cesta com os braços erguidos.

  • A briga de posição dos pivôs é feita com o uso abusivo dos quadris.

  • A defesa direta ao pivô não deve saltar. Os braços devem ser mantidos erguidos e com contato de tronco. O toco deve vir da ajuda. Dobra (trap) somente pelo fundo, dificultando o ângulo de passe.

  • Defesa por zona, nem pensar. A Alemanha que o diga. Mas se for imprescindível, uma zona match up.

Somados a todos estes detalhes técnicos existem ainda o sincronismo, a padronização, muita determinação e um bom preparo físico.

O ideal seria se conseguíssemos aliar nosso volume de jogo à obstinação defensiva européia. Nos resta ficar de olho, torcendo para que os muitos ensinamentos provenientes da Copa América e do Europeu tenham sido absorvidos e que nossa comissão técnica tenha competência para implementá-los até o Mundial de 2006. O futuro nos dirá...

Críticas e sugestões: bbheart@bbheart.com.br