BASQUETEBOL
NÃO TEM IDADE
Por: Prof.
Ms. José
Marinho M. Dias Neto
Alguns amigos me
pedem para eu publicar artigos da minha época no Lance! Ai vai um
que eu acho bem legal.
ARTIGO PUBLICADO NO
LANCENET DE 26/02/02
Assistir a um jogo
da NBA, mesmo para aqueles que não sejam admiradores do basquete,
é sempre um excelente programa de férias nos EUA. Se no Brasil
para se assistir um jogo de futebol temos que enfrentar
engarrafamentos, dificuldades com estacionamento, o grande calor,
as precárias condições de higiene, acentos desconfortáveis e a
carência de infra-estrutura (comidas, bebidas, lojas, etc...). Lá
podemos nos divertir com muito mais dignidade e conforto.
Decidi assistir ao
jogo Orlando x NY Knicks no meio da galera para sentir de perto a
reação do público. Tudo é bem diferente do nosso Brasil. Não
existem as torcidas organizadas e seus coros ofensivos, nem lugar
marcado para os visitantes. Todos convivem em harmonia, exceto por
um comentário irônico aqui ou uma provocação ali. Tudo encarado
com grade esportividade.
Mas este jogo foi
especial. No meu lado direito sentaram-se três torcedores dos
Knicks, que se encarregaram de acabar com o estoque de cerveja do
ginásio. Deviam estar tentando esquecer a campanha desastrosa de
seu time do coração.Do meu lado esquerdo, duas fãs do Magic, uma
das quais de nome Nanci, revelou-me adorar ver o dragãozinho do
Orlando (Stuff) travestido de “joão bobo” dançar com as cheer
leaders. O charme da noite estava localizado na cadeira logo atrás
de onde eu me encontrava. Tratava-se de uma senhora de no mínimo
70 anos de idade, devidamente trajada com a camisa do armador
Darrel Armstrong, o preferido do público local por sua simpatia e
pelo esforço e dedicação com que defende as cores de sua equipe.
Ela portava um walkman em substituição ao velho radinho de pilha
(sinal dos tempos!!!). A vovó participou ativamente de todos os
acontecimentos do jogo, quer seja na defesa, quando gritava o
tempo todo para “seus jogadores” os “gritos de guerra”: “defesa e
roubem a bola”. Quer seja no ataque, quando entoava o famoso
“let’s go Magic, let’s go” (que ela revelou num dado momento não
gostar de falar). No intervalo do jogo, a leitura de um livrinho
porque ninguém é de ferro. O ponto culminante de sua participação
no jogo ocorria durantes os lances livres. A velhinha praticamente
fazia uma oração para que cada jogador do Magic acertasse o
arremesso livre. Suas palavras eram: “relaxe, concentração,
respire fundo, sinta a bola e bote lá dentro”. E cada vez que a
bola entrava na cesta, ouvia-se um sonoro “muito obrigado”. Em
tempo, para saber se a “reza da vovó” dá certo: o Magic acertou 20
dos 28 lances livres cobrados na partida. Nem os árbitros
escaparam de seus comentários. Num dado momento, ela perguntou em
voz alta e resignada se eles não precisavam ser neutros para
apitar basquete. Em outro lance chegou a sugerir o uso de óculos,
após uma falta mal marcada, segundo ela, é claro.
Um verdadeiro
espetáculo deram os jogadores dentro de quadra, protagonizando uma
partida cheia de bonitas jogadas e de alto nível técnico, que o
Orlando venceu por 122 x 114. Mas os artistas do espetáculo, o
Stuff, as
Cheerleaders
e toda aquela parafernália comum aos jogos da NBA que me
desculpem. A principal atração do evento não estava na minha
frente. Estava no meio do público. Para minha felicidade, bem
pertinho de mim. No final, descobri até seu nome: Patty. Um show
que valeu cada centavo pago pelo ingresso.
Críticas e sugestões:
bbheart@bbheart.com.br
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