Teimosia, falta de
conceito, irregularidade e azar: mesmo assim vamos chegar lá.
Por: Prof.
Ms. José
Marinho M. Dias Neto
Dia de pausa santo
na Copa América. Tempo para o técnico Lula e sua CT refletir sobre
o desempenho de nossa seleção na competição, procurando encontrar
alternativas para os muitos problemas apresentados até aqui. Desde
já me atrevo a afirmar que nós vamos nos classificar. A grande
questão é saber sob que circunstâncias. Como nos passeios das
dunas em Natal: com emoção ou sem emoção?
Lula vem pagando um
preço caro pela teimosia. Alguns jogadores da era Hélio Rubens
foram simplesmente banidos da seleção. Não houve um processo
gradativo de renovação. Ocorreu uma grande ruptura. Sandro Varejão
e Luis Fernando seriam muito úteis no atual momento. Impossível
não considerar como um ato de imprudência levar o Caio e o Rafael
para uma competição desta responsabilidade, tendo ainda que
utilizá-los efetivamente em momentos importantes das partidas.
Além disto, a insistência com Nezinho causa estranheza. Nos poucos
momentos em que ele produz, o faz muito mais para si que para o
coletivo. Isto sem contar com a vulnerabilidade de sua defesa.
Existem alguns armadores mais experientes e menos "audaciosos" no
Brasil que poderiam ajudar mais.
A convocação do
Jefferson (e a falta de confiança em utilizá-lo) quase que
imobilizou nossas opções táticas. Nossa equipe permanece em quadra
quase o tempo todo com deficiência de estatura, forçando o uso
excessivo de defesas por zona e comprometendo sobre maneira nosso
rebote (e conseqüentemente nosso contra-ataque).
Em alguns momentos é
irritante a falta de conhecimento do jogo de nossos atletas. O
abuso nos arremessos de três, a falta de leitura de jogo de nossos
armadores e a ineficiência no uso do drible demonstram falhas
graves na formação de nossos jogadores. Um intensivo na Lituânia
ou na Argentina poderia resolver. Se depender de conceitos de
jogo, vamos ter muitas dificuldades.
Outra característica
inegável desta equipe é irregularidade. Desde os jogos amistosos
já percebíamos os muitos altos e baixos durante as partidas. Nem
mesmo a presença de boa parte do elenco atuando fora do país está
resolvendo a falta de consistência de nosso time. O desempenho no
segundo quarto contra a Venezuela se alterna com momentos de
branco total contra o Panamá. A maior causa são as precipitações e
o erro de cestas fáceis no ataque que acabam refletindo
negativamente em nosso sistema defensivo.
Por fim, o azar.
Perdemos nosso jogador mais importante por contusão. Anderson era
o pilar de nossa defesa por sua capacidade de antecipação e seu
poder de intimidação. Isto sem contar na sua liderança perante o
grupo. Para complicar ainda mais, o desempenho dos outros pivôs
não vem agradando. Murilo vem sentindo muita dificuldade com
excesso de contato nas ações dentro do garrafão. Ninguém pode
negar que ele está tentando. Como dever de casa, Murilo precisa
adicionar uns quilinhos de massa magra para poder enfrentar de
igual para igual os pivôs no nível internacional. A maior decepção
até agora é o desempenho do Tiago. Nos apenas 20 minutos por jogo
que ele permanece em quadra (por excesso de faltas), na maioria do
tempo parece dispersivo e sem confiança. Dos garotos, tudo que
eles produzirem para atenuar a ausência do Anderson já será lucro.
Temos alguns fortes
motivos para passarmos um fim de semana aflitivo. Não há como
negar. Mas nosso time tem potencial. Não se pode esquecer do poder
de fogo do Leandrinho, do Marcelinho e do Guilherme. Nenhuma
seleção conta com esta artilharia. O Alex está melhorando. O clima
dentro do grupo parece ser bom. Lula tem o time nas mãos. A equipe
vem demonstrando muita vontade de atingir seus objetivos. Quando a
defesa e o rebote funcionam, nosso contra-ataque incomoda muito
nossos adversários. Em condições normais, vamos chegar lá, mesmo
sem as facilidades que alguns previam.
Críticas e sugestões:
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