Muito basquete: assim que é bom!
Por: Prof.
Ms. José
Marinho M. Dias Neto
Vivemos uma
semana atípica. Tivemos até três jogos no mesmo dia na TV. No
sábado, até a Globo transmitiu nosso esporte. Santa Eletrobrás que
bancou duas horas no plim-plim. Mundial Sub21 e amistosos da
seleção, prato cheio para nós, amantes do basquete. Mas afinal, o
que restou desta festa.
O Mundial
Sub21 foi decepcionante. Senão vejamos alguns dados frios:
- Apenas
dois jogadores obtiveram médias de mais de 20 pontos por jogo na
competição
- Dos 44
jogos, apenas oito terminaram com placar centenário
- O Canadá
foi bronze com média de menos de 70 pontos por jogo e a Grécia
prata com 74.
- Apenas os
EUA obtiveram média superior a 90 pontos.
- A Lituânia
foi campeã apresentando média de 17 erros por jogo
- O placar
da final foi 65-63
Nós não
tivemos oportunidade de assistir os EUA, que foram eliminados pelo
Canadá através do único desempenho impressionante de um jogador na
competição, o do ala
Levon
Kendall (40 pts e 12 rebs). O que se viu, no geral, foi pouco
volume de jogo, muito 5 x 5 e muitas falhas em conceitos básicos
de jogo. Nem parecia jogo de adultos. Passes errados, dribles fora
de hora e arremessos desequilibrados foram uma constante. Não vi
nenhum matador nato ou aquele capaz de arrebentar no 1 x 1. Vi
sim, muitos jogadores altos sem grande condição técnica ou
atlética.
A destacar o
terceiro período da final, muito bem disputado e em alto nível. E
a emoção no fim do jogo. Lá e cá, decidido numa falta infantil do
ala grego. A Lituânia mereceu. Joga com mais desenvoltura. Faz bem
o drible agressivo e o passe para fora. Acho, porém, que a equipe
tinha condições técnicas para utilizar mais o jogo de transição.
Na Grécia, Vasilopoulos me impressionou bastante. Talvez, o melhor
da competição. Gostei também de um argentino, Sandes. Newley, da
Austrália, também é bom de bola. Muito pouco para um Mundial.
Quanto aos
jogos do Brasil, boas vitórias. Alguém pode reclamar do nível dos
adversários. Se eles tinham algo de melhor, não é nossa culpa não
apresentar. Nós fizemos nossa parte.
Lula procura
não descaracterizar nosso estilo natural de jogo com muito
contra-ataque. Acho muito válido. O problema é que o sistema
defensivo está oscilando muito, impossibilitando a transição
rápida da defesa para o ataque em alguns momentos. E nosso rebote
também. Temos uma grande virtude defensiva: o poder de intimidação
de nossos pivôs. Precisamos utilizar melhor esta característica,
criando algumas armadilhas para nossos adversários.
Está claro
que existem diversas alternativas ofensivas. Lula aprendeu a lição
do Pré-Olímpico e desenhou várias opções para os pivôs. A medida
que nossos pivôs façam estragos no garrafão, mais espaço para
nossos jogadores externos irão surgir.
Tenho dito
há muito tempo, que a principal carência de nosso basquete são os
armadores. O próprio Lula deu algumas declarações sobre sua
procura de um comandante para a equipe. E parece que ele ainda não
conseguiu seu intento, pois nenhum dos jogadores da função se mostrou capaz de realmente ditar o
ritmo de jogo e utilizar com regularidade o melhor caminho
ofensivo de acordo com o momento da partida. Eles se limitam a
realizar mecanicamente a movimentação da jogada. O Leandrinho atua
com uma intensidade impressionante e está muito difícil de ser
marcado nas infiltrações, não há como negar. Já o Marcelinho e o
Nezinho estão devendo. Nenhum deles, porém, me convenceu como
armador, na acepção corrente desta palavra, tornando nosso time
vulnerável as variações defensivas dos adversários.
Não temos
como evitar o otimismo para a Copa América. Temos um bom elenco e
coerência no sistema de jogo. Alem disto, nossos adversários não
são tão fortes assim, criando um ambiente mais que propício para o
início da redenção de nosso basquete lá fora. Já aqui dentro,
melhor não comentar...
Críticas e sugestões:
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