Estratégias Facilitadoras no Ensino do Basquete
Por: Prof.
Ms. José
Marinho M. Dias Neto
Ensinar é uma arte e, como tal, depende de vocação, talento
e experiência. O processo ensino-aprendizagem moderno está
centrado no aluno. Cabe ao professor estabelecer objetivos
(condizentes com a fase desenvolvimento do aluno), selecionar o
conteúdo e métodos para facilitar o aprendizado do aluno. Um dos
focos centrais do aprendizado é a motivação. Tanto o professor e,
principalmente, o aluno devem estar e ser estimulados a vencer as
barreiras do aprendizado. O jogo tem papel fundamental como a
estratégia mais importante neste processo, pois além de ser
estimulante, carrega no seu bojo mecanismos importantes de
desenvolvimento motor. O jogo tem valor pedagógico se suas regras
forem respeitadas, a técnica do fundamento for corrigida e se for
instrumento para a criatividade do aluno.
No país do futebol, ensinar basquete é uma tarefa árdua.
Usar as mãos e não os pés foge a cultura dominante. A falta de
ídolos e de transparência do esporte dificulta todo o processo.
No meio de tantas dificuldades pedagógicas e culturais,
proponho uma série de ações, as Estratégias Facilitadoras no
Ensino do Basquete, tendo por objetivo tornar mais eficiente o
processo de ensino dos fundamentos, acrescentado detalhes técnicos
imprescindíveis e conectando o aprendizado à dinâmica do desporto.
Vamos a elas:
O jogo pode ser definido como uma atividade lúdica (ligada
ao prazer) com regras pré-estabelecidas. O jogo é a principal
estratégia para o ensino do basquetebol, por permitir vivências
motoras ricas que irão aprofundar o aprendizado dos fundamentos e
servir como base para aquisição de novos conhecimentos. O
educativo pode e deve ser empregado na fase inicial do ensino dos
detalhes técnicos dos gestos mais complexos (bandeja, por
exemplo), sendo então posto de lado em prol do jogo. Só entendo
procedente sua reutilização em caso de correção de vícios
motores.
É muito mais sedutor ensinar movimentos táticos. Uma criança
iniciante não precisa disto. Ela precisa dominar os fundamentos e
saber o momento de executá-los em situação de jogo.
Não tente ensinar basquete a quem tem dificuldade nas formas
básicas de movimento. Se a criança não sabe correr ou saltar, não
saberá jogar basquete com eficiência. Faça exercícios de
coordenação de freqüência e amplitude de passada. Pular corda é
excelente.
Antes e durante o ensino do passe, trabalhe muito os exercícios de
manejo de bola. Uma boa empunhadura é mais importante que a
técnica do passe propriamente dita.
O professor não deve se limitar a apitar o coletivo. Ele deve ser
um auxiliar no processo de tomada de decisão das crianças. As
ações corretas dos alunos merecem um reforço positivo, enquanto os
desacertos precisam ser corrigidos. Chamar atenção não basta. O
professor precisa apontar as alternativas mais interessantes de
escolha.
No caso do passe, alguns procedimentos (base de
conhecimentos) devem ser observados pelos professores:
- Não perder a bola de vista
- Não passar, caso se esteja somente se livrando da bola
- Evitar os passes tipo “balão”. Eles são um convite à
interceptação do adversário
- Fintar o passe
- Se movimentar para servir de opção (aproximar)
- Olhar para frente sempre que recepcionar um passe
- Se posicionar no espaço vazio
- Devolver para quem passou muitas vezes é a melhor opção
- Passar e servir de opção (de preferência à frente)
- Selecionar o tipo de passe de acordo com a situação
Mais importante que saber passar é saber selecionar o tipo
de passe.
Passe de peito: Utilizado principalmente na transição da
defesa para o ataque e na meia quadra ofensiva (como auxiliar).
Passe por cima: Utilizado na meia quadra ofensiva e visando
os pivôs.
Passe picado: Utilizado para evitar a presença de um
adversário.
Passe de ombro: Utilizado no contra-ataque e para encobrir
um ou mais adversários.
A introdução do adversário na progressão pedagógica do
ensino do passe deve ser feita sempre em minoria, tipo 2x1, 3x2,
4x3, etc...
Simular uma defesa por zona é uma estratégia interessante
para o trabalho de passe.
Não há necessidade de privar a visão nos passos iniciais
do ensino do drible. A criança precisa aprender a “não matar
barata” e o estímulo visual facilitará a fluência do gesto.
Num segundo momento, utilizar meios auxiliares para evitar que o
aluno olhe para bola. Drible por números, siga-o-mestre e um
óculos especial (um fita isolante na parte inferior da lente) são
estratégias interessantes.
Não adianta a criança ter habilidade no drible se ela não sabe
sair driblando ou parar após um deslocamento em velocidade. É
muito importante exercitar a recepção de passe em movimento
seguida do drible e as paradas bruscas.
Jogos com o uso da mão não dominante são bastante
interessantes.
Fracionalizar (Schmidt e Wrisberg, 2001) o gesto das
fintas facilita o aprendizado. Por exemplo, na reversão, praticar
o giro sem bola e puxada (com a mesma mão) em separado. Depois,
integrar os dois movimentos.
Proponho o método parcial para o ensino do arremesso,
destacando uma atenção especial para a fase de finalização (no
basquete a meta é horizontal), para elevação da bola da posição de
empunhadura até acima da testa e a coordenação desta fase com o
movimento de flexão dos membros inferiores.
Os arremessos devem ser praticados após a recepção de
passe e após o drible. Novamente, as paradas bruscas precisarão
ser exercitadas.
Proponho o método parcial também para o ensino da bandeja.
A segmentação (Schmidt e Wrisberg, 2001) invertida é uma
estratégia muito eficiente e rápida de aprendizagem.
O uso de arcos é interessante caso se esteja treinando a
coordenação das passadas. Assim que a bola for introduzida, os
arcos deverão ser retirados.
O drible forte sobre a perna oposta à mão do drible
facilita bastante o inicio dos dois tempos rítmicos da bandeja.
A primeira ação do rebote é bloquear seu oponente direto.
O salto e o domínio da bola vêm depois.
Alguns detalhes técnicos de defesa:
-
Jamais relaxar na defesa. As pernas devem estar sempre
semiflexionadas.
-
O
deslocamento mais usado na defesa chama-se deslizamento defensivo
(deslocamento lateral). Não cruzar as pernas.
-
A
recuperação da posição de defesa é feita através de corridas de
frente.
-
O
defensor deve se posicionar na maioria das situações entre a bola
e seu oponente direto.
-
Fazer o adversário driblar com a mão não dominante. Basta
posicionar à frente a perna oposta a mão dominante do driblador.
-
Jamais perder a bola de vista. Utilizar os cruzamentos lado-a-lado
para exercitar o contato manual com o oponente.
Críticas e sugestões:
bbheart@bbheart.com.br
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