Jogadores
    Nova Geração
    Pergunte
    Ranking
    Links
    Classificados
    Escolar
    Histórico
    Artigos
    Coaches Corner


Se você é assinante,
digite login e senha:


 

    Fale Conosco
    Cadastre-se
    Seja Correspondente
    Galeria de Craques
    Wallpapers


mapa do site

Novidades

 

A Questão da Liga Nacional

A criação da liga de basquete é antes de tudo uma questão de matemática financeira simples. Existe uma quantia em dinheiro. Por que os clubes, protagonistas do espetáculo, se proporão a dividi-la com a CBB? Tá bem, a CBB é que organiza a competição. Sim, mas existe toda uma estrutura da confederação que não diz respeito aos clubes ou não está diretamente ligada ao campeonato que acaba desviando custos. E ainda: a CBB é que determina os critérios de divisão da parte financeira. Se ainda houvesse transparência administrativa em nossa maior entidade, que todos nós sabemos que não ocorre, poderíamos admitir esta situação.

O raciocínio é coloquial. Quanto mais enxuto forem os gastos com a competição, mais dinheiro sobrará para os clubes se sustentarem. Em tese, melhor será o nível do campeonato e mais interesse do público e da imprensa despertará. Digo em tese, porque estamos partindo do pressuposto que os clubes sabem gerir seus gastos.

Não se pode negar que houve progressos nesses 15 anos. A competição ganhou vulto, se estruturou e saiu do amadorismo (sem, contudo, atingir o profissionalismo). O problema é que paramos de evoluir. Na verdade, começamos a andar para trás. A cada dia menos apoio e mais exigências são impostas aos clubes. A atual direção da CBB tem enorme dificuldade em criar estratégias para captação de recursos e é incapaz de os utilizar com transparência. Existem vários "patrocinadores" do Brasileiro que em nada colaboram no sustento dos clubes. Há falha também na questão ética, quando se permite que uma instituição ligada a um clube patrocine a competição e que uma mesma instituição suporte financeiramente várias equipes. Um adendo: sem estas instituições de ensino, o basquete brasileiro, provavelmente, já estaria morto e enterrado.

A falta de profissionalismo e de conhecimento técnico é demonstrada até onde tudo parece funcionar.

A estatística on-line, por exemplo, é coisa de primeiro mundo, mas o tratamento dos dados demonstra total desconhecimento da matéria. Basta consultar o site da NBA ou de qualquer liga de bom nível no mundo para aprender. Além disto, existe a questão do custo/benefício, que precisa ser muito bem esclarecida.

No início, os árbitros eram locais, tornando a vitória fora de casa uma missão quase impossível. Atualmente, existe uma política de formação de novos árbitros, retirando de São Paulo a carga de conduzir a competição. Alguns árbitros paulistas ainda são considerados neutros (alguns deles, injustamente, não pelo fator honestidade, mas sim por sua capacidade). Apesar do esforço e da existência de seguidos cursos de arbitragem, os jogos continuam muito mal apitados. A falta de critério, juizes querendo aparecer e os erros graves de interpretação das regras ainda são constantes.

A direção técnica da entidade conseguiu repetir a absurda tabela do ano passado que conferiu vantagens incríveis a alguns times e prejudicou sensivelmente outros. Tudo isto em nome do corte de custos. Se havia pouco dinheiro para a competição, ela deveria ser disputa de forma regionalizada. Além disto, há alguns anos atrás, esta mesma direção confeccionou um regulamento que ao mesmo tempo impunha a utilização de jogadores de categoria de base entre os 12 de cada equipe e determinava o cesta average como principal critério de desempate. Uma total incoerência, pois os times lutavam sempre para fazer o maior placar e deixavam a garotada o tempo todo no banco. Todo mundo sabe que o critério da cesta average sucede o do confronto direto. A lógica desportiva foi desrespeitada, demonstrando total falta de conhecimento na organização de competições. Por serem coniventes, os dirigentes dos clubes também têm muita culpa nesta história.

Falta investimento na divulgação da competição. A assessoria de imprensa da confederação tenta fazer seu trabalho com competência, mas duas pessoas não têm condições de gerar todas as informações necessárias, nem capacidade de atingir o público de um país de dimensões continentais. Em cada sede da competição, deveria haver um correspondente fornecendo notícias atualizadas dos clubes e de seus atletas. Além das estatísticas, os jogos deveriam ter uma resenha. Basta de propaganda institucional. Ninguém está interessado nos feitos da CBB. Queremos saber como andam nossos clubes e nossos atletas. Quem está jogando bem, porque aquela equipe ganhou, quem está contundido, se o técnico vai cair, etc.

O mais desconcertante é, quando questionados sobre a situação de nosso esporte, ouvir da boca das pessoas ligadas a CBB que está tudo bem, apesar das dificuldades. Precisamos criar um fato novo para aumentar o interesse do público pelo basquete. Associá-lo a um show de um artista popular, fazer campanha nas escolas, trazer artistas “globais” para seções de autógrafos, etc. Qualquer coisa para motivar a volta do povo aos ginásios. A organização, o profissionalismo e a beleza do desporto se encarregarão do resto. Precisamos apenas levantar de novo a bola.

É um direito irrefutável dos clubes a pretensão de criar a Liga Nacional. A CBB demonstrará maturidade se não se opuser a esta tendência irreversível. A entidade deverá apoiar a iniciativa para poder, assim, se dedicar às suas muitas outras incumbências (algumas delas bastante negligenciadas), quer seja: as estratégias de difusão do basquete pelos quatro cantos do Brasil; os cursos de capacitação e aperfeiçoamento de professores e técnicos; as estratégias de descoberta e aperfeiçoamento de talentos; a retomada da hegemonia continental nas categorias de base; o projeto de estruturação do basquete feminino e o projeto Pequim 2008 no masculino. Há muito trabalho pela frente. Esperamos que, sem carregar o fardo do Brasileiro, a CBB consiga se dedicar integralmente ao desenvolvimento de nosso basquete, para que possamos recuperar o prestigio perdido pelo esporte nos últimos tempos nos âmbitos nacional e internacional.

Críticas e sugestões: bbheart@bbheart.com.br