ENTREVISTA:
MARCELINHO
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Após dois anos
de ausência, atuando pelo Vip Rimini (ITA-Lega2, 16,8 pts, 3,4
rebs, 2,7 ass) e Alerta Cantabria Lobos (ESP-LEB1, 15,9 pts,
3,7 rebs, 3,0 ass), Marcelo Magalhães Machado, o Marcelinho,
29 anos, volta a jogar o Brasileiro. E com o destaque
habitual. Marcelinho atua pela Telemar, líder da competição,
na qual ele é o cestinha com médias de 28,2 pts, jogador mais
eficiente e 11º em assistências. Marcelinho conversou com a
BBHEART sobre seu atual momento e seu futuro, o basquete
brasileiro e europeu e a seleção brasileira. |
BBHEART:
Você se encontra no ápice de sua carreira?
Marcelinho:
Acho que sim, não só tecnicamente, mas também em termos de
maturidade. Sempre ouvi dizer que com 30 anos o atleta atingia o
auge e agora estou entendendo o porque. Mesmo se você não está
100% fisicamente, você sabe o que tem que ser feito na hora certa.
Em resumo, a maturidade nos leva a diminuir os erros no momento de
decidir.
No que mais você
evoluiu nos últimos tempos?
Acredito que na
regularidade. Antigamente, quando eu era mais jovem, eu tinha
muitos altos e baixos. Uma partida muito boa e outra muito ruim em
seguida. Mas agora tenho conseguido manter uma harmonia em minhas
atuações. Mesmo nos dias em que não estou feliz nos arremessos,
consigo ajudar a equipe de outras formas.
As temporadas na
Europa te ajudaram a atingir esta maturidade?
Com certeza. A
cobrança lá é muito grande, pois eu ocupei vaga de estrangeiro.
Todo dia você atua contra americanos, tendo grande
responsabilidade de vencer. Isto me levou procurar os caminhos
para tornar meu jogo o mais regular possível no mais alto nível. O
ritmo de jogo na Europa é diferente do daqui, onde as posses de
bola são mais valorizadas. Aqui temos mais volume de jogo. Sempre
que atuo no Brasil, me adapto ao estilo daqui, mas aprendi a
utilizar uma nova alternativa dentro do jogo que antes eu não
conhecia.
Da para comparar os
campeonatos europeus onde você atuou com nosso Brasileiro?
O nível do basquete
da Europa é muito alto, mas temos aqui jogadores com excelente
potencial. O que falta é estrutura para que os jovens talentos
atinjam o máximo de seus potenciais. Aqui a cobrança é imediata.
No Brasil é exigido de um jovem de 19 anos o máximo de rendimento.
Lá existem várias divisões de bom nível (inclusive com dois
americanos por equipe), onde os atletas podem adquirir experiência
mais lentamente. Além disto, na Europa se joga apenas uma vez por
semana, dando tempo para estudar criteriosamente os adversários e
preparar a equipe mais especificamente. Aqui se joga um jogo atrás
do outro, levando às equipes a se preocuparem mais com si próprias
que com o adversário. É impossível em dois dias você adaptar sua
equipe à estratégia do adversário. Não acho correto comparar. Os
estilos de jogo são diferentes. Ambos tem seu valor, mas lá existe
uma estrutura muita mais bem montada que aqui.
Quais são as chances
do Brasil na Copa América, classificatória para o Mundial do
Japão?
A expectativa é a
melhor possível. É lógico que nós carregamos a imagem da
desclassificação da Olimpíada de Atenas. Nós estávamos no mesmo
nível das outras seleções e por puro detalhe perdemos a vaga. É
esquecer o que passou. Tirar ensinamentos. Nós temos jogadores
jovens muito talentosos, que estão atuando na Europa, na NBA e,
mesmo, no Brasil, capazes de conseguir a vaga e de se destacar no
torneio.
Como você está vendo
o Brasileiro 2005?
Depois de dois anos
na Europa, volto a jogar um Brasileiro com muitos jogadores jovens
que eu não conhecia. Pelo que pude observar, trata-se de um
campeonato bem nivelado. Não existe jogo ganho com antecedência.
Nós passamos sufoco contra um dos últimos, chegando a estar dez
pontos atrás num determinado momento do jogo. É “matar um leão por
dia”, sabendo que existirão muitas dificuldades no caminho. As
viagens de ônibus vão ser desgastantes. Muitas vezes poderemos
estar cansados para jogar, mas a Telemar tem um excelente plantel
e saberemos como superar as dificuldades.
Quais as chances da
Telemar no Brasileiro?
A Telemar, o Unitri
e o COC são os favoritos. Mas favoritismo não ganha jogo. O
campeonato é longo e não existem grandes diferenças entre as
equipes. Estamos nos preparando muito bem, temos jogadores
versáteis e experientes e estamos nos entrosando cada vez mais.
Nosso trabalho é feito com muita seriedade, tendo cada um espaço
para desenvolver seu basquete. E quem ganha no final é a equipe.
As vitórias até agora são reflexo de nossa dedicação. Espero que
continue assim.
Seus planos para o
futuro? Você ainda pensa na NBA?
Acho que a NBA é
difícil por causa da idade. A Europa é uma possibilidade real.
Estou aberto às propostas. Tenho contrato com a Telemar até o fim
do Brasileiro. Por enquanto só penso em cumpri-lo, de preferência
com mais um título. No final, vou ver o que é melhor para mim e
para minha família para então decidir sobre meu futuro.
Críticas e sugestões:
bbheart@bbheart.com.br
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