O BRASILEIRO DO TÉDIO
Por: Prof. Ms. José
Marinho M. Dias Neto
O Campeonato
Brasileiro chega ao seu 16o. ano de vida. Se fosse gente, já
poderia votar no caminho da maturidade. Infelizmente o Brasileiro
é como um fruto que não vingou. A cada ano temos a sensação de
estarmos andando para trás. Senão, vejamos:
Nenhuma equipe de futebol está envolvida na competição (uma
tradição do basquete), exceto pelo Corinthians, que mesmo assim
atua em Mogi. O Flamengo poderia ter sido incluído com um pouco de
flexibilidade e astúcia administrativa. Seria uma esperança de
visibilidade para o Brasileiro. Mas a CBB usou o regulamento
para encobrir uma decisão política.
Quase nenhum de nossos jogadores de nível internacional
atuam no Brasil. Marcelinho, talvez, seja a única exceção. Prova
cabal da falta de força de nosso basquete interno.
Nenhum jovem talento que nos deixe na expectativa de termos
alguma esperança para o futuro está para surgir na competição.
Espero que eu queime minha língua, isto é, o teclado. Enio Vecchi
e João Marcelo, me provem o contrário, por favor!
Nenhum estrangeiro de causar impacto. Ano passado nós
tínhamos, pelo menos, o Marc Brown. Poucas chances de vermos um
show de bolas de três, uma assistência maravilhosa ou uma
enterrada de tirar o fôlego.
Nenhuma emoção ou expectativa à vista. Não há novidade nos
aspirantes ao título: COC, Telemar ou Unitri. Qualquer outra das
13 equipes que chegar lá será quase o fim do mundo.
Nenhuma estratégia de mídia para divulgar a competição.
Criatividade zero. Nenhum fato novo. Um factóide tipo Cesar Maia
serviria. O Brasileiro irá começa como uma criança que acabou de
fazer uma grande bobagem: envergonhado. De positivo a iniciativa
da CBB em premiar os destaques na história dos Brasileiros e seção do site: Os Melhores do Nacional. Bem legal!
Nenhuma TV aberta se interessou pela competição. A
sociedade atual é movida pelo sucesso. Se não conseguimos projeção
internacional (o Brasil está fora das Olimpíadas desde 1996), que
se forjem ídolos. Os ídolos precisam ser criados e difundidos. O
grande público e os patrocinadores se espelham neles. Nada foi
feito neste sentido. Ninguém vai comentar sobre o basquete nas
ruas. Aquela grande enterrada, aquela jogada de efeito, etc se
perderão no anonimato. Talvez uma briga aqui ou um erro grotesco
da arbitragem lá apareçam no Globo Esporte. Mais um ano de
basquete longe do público no completo ostracismo.
Nenhuma novidade na arbitragem, que com certeza será motivo de
muitas críticas, quer seja pela incompetência de uns, quer seja
pela necessidade de auto-afirmação de outros.
Nenhuma novidade na estrutura. Viagens de ônibus, cada dia
menos apoio aos clubes e muitas cobranças. Até quando os clubes
irão se submeter a tantas privações sem pensar numa Liga Nacional
em moldes profissionais.
Em resumo. O basquete, esporte que é adrenalina pura, no Brasil se
tornou um tédio.
Críticas e sugestões:
bbheart@bbheart.com.br
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