Entendendo a briga na NBA
Por Prof. Ms. José
Marinho Marques Dias Neto
Staff/Getty Images |
David Stern é o comissário da
NBA, isto é, ele é o delegado escolhido pelos donos das
equipes para gerir e dar rumos ao negócio NBA. Cabe a ele
sozinho, de acordo com a estrutura e o regulamento, o direito
de estabelecer as punições em caso de má conduta dos
profissionais envolvidos no espetáculo. Quando perguntado se
ele havia consultado alguém para deliberar sobre o ocorrido em
Detroit, ele disse: tudo foi decidido por um voto a zero.
Seria muito mais legítimo se existisse um órgão consultivo
composto por figuras proeminentes do esporte para dar suporte
às suas deliberações. |
As decisões ficariam muito menos passíveis de crítica por parte da
imprensa e da opinião pública. Isto que estamos diante da “maior
democracia do mundo”. Stern arrumou um enorme problema para o
próximo ano, quando o acordo entre a Liga e a sindicato dos
jogadores será rediscutido. O poder do comissário deverá ser
questionado veementemente pelo sindicato. E ninguém quer perder
poder... Vamos aguardar os próximos acontecimentos.
Todos os profissionais da NBA precisam
entender que o dono do espetáculo é o público. O público paga o
salário de todos, quer seja comprando ingresso ou adquirindo
produtos ligados à Liga. Qualquer indício de falta de segurança
pode significar menos ingressos vendidos, queda de credibilidade
e, como conseqüência, menos lucro para os patrões. Stern resolveu
ser implacável, tentando cortar o mal pela raiz, dando um sinal
claro que a violência não tem espaço na NBA. Ron Artest, que não é
“flor que se cheire”, tornou-se um verdadeiro
"bode expiatório”.
Jermaine O'Neal (25 jogos) e Stephen Jackson (30 jogos) levaram
uma boa cipoada também. Na NBA, quando um atleta é punido, ele
perde o direito de receber seu salário. Artest ficará sem US$
5,288,545 em sua conta, O'Neal deixará de ganhar US$ 4,510,975 e
Jackson perderá US$ 1,865,854. Uma boa grana.
Embora exista ainda a possibilidade de recurso, em minha opinião,
a pena foi excessiva. Não acho justo alguém (mesmo sendo o Artest)
que revide uma agressão seja passível de tão grave punição. Não
jogar até o final do ano já o faria pensar melhor e, penso eu,
mudaria alguns de seus maus hábitos. E, além do mais, coibiria
outras atitudes como esta. Mas na “democracia da NBA”, o poder é
totalitário e o jogo de cintura só existe nas fintas dentro de
quadra.
P.S.: Já pensou se este tipo de conduta pega no futebol
brasileiro. Ia ter clube não podendo entrar em campo por falta de
personagens!
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