Entrevista com o
atleta João José Vianna, o Pipoka (realizada em 2000 para minha
coluna no Lancenet!)
26 anos de
carreira, 16 anos de seleção brasileira, tendo participado de três
Olimpíadas e cinco Campeonatos Mundiais, que junto com Rolando,
foram os desbravadores do duro caminho para a NBA.
Pipoka atuou em somente uma partida pelo Dallas
Mavericks na temporada 91/92, permanecendo em quadra por nove
minutos, anotando dois pontos e conseguindo 2 assistências.
Como surgiu o
convite para você jogar na NBA?
A oportunidade
surgiu pela minha boa atuação nos Goodwill Games de Seattle,
particularmente na partida contra os EUA, quando enfrentei o pivô
Alonzo Mouning. Um olheiro dos Dallas Mavericks gostou muito do
meu estilo de jogo e prometeu que entraria em contato comigo.
Pouco tempo depois, esta mesma pessoa me telefonou oferecendo um
período de treinos na equipe. Treinei com a equipe durante um mês,
mas não fui contratado. No ano seguinte (temporada 91/92), fui
novamente convidado e desta vez permaneci por três meses,
inclusive, jogando sete partidas (seis na pré-temporada e uma no
campeonato). Fui liberado em decorrência do problema com drogas do
principal jogador da equipe na época, Roy Tarpley, que foi banido
da Liga, forçando os dirigentes a contratar um jogador similar
para substituí-lo, no caso Doug Smith, ocupando então minha vaga.
Existe alguma
discriminação com estrangeiros na NBA?
Não acredito que
isto ocorra. Os americanos admiram o talento e a competência,
sendo também muito profissionais. Portanto, se um jogador se
destacar lá, não importando a raça ou a nacionalidade, terá seu
espaço e fará um bom contrato.
Qual a principal
diferença entre o basquete jogado na NBA e no resto do mundo,
tanto dentro quanto fora da quadra?
Nos EUA, por existir
muito dinheiro envolvido, as pessoas ligadas ao basquete encaram o
esporte com muito mais profissionalismo. Existe uma competição
muito grande por um lugar ao sol, exigindo não somente dos
atletas, mas também dos técnicos, assistentes, árbitros e
dirigentes máxima dedicação e esforço. Como o jogador Charles
Barkley sempre diz: “tem que dar sempre 110% de si”, pois a
pressão é muito grande e existe muita gente querendo ocupar seu
lugar.
Qual foi seu ponto
mais alto em sua carreira internacional?
A partir do Goodwill
Games de Seattle, minha carreira decolou internacionalmente, pois
joguei quatro anos seguidos em Porto Rico e por dois na NBA,
conseguindo também a posição de titular na seleção brasileira.
Qual a principal
causa da queda de nosso basquete a nível mundial?
Nosso estilo de jogo
está ultrapassado. O basquete baseado somente no ataque e nas
ações individuais dos jogadores está fadado ao fracasso. Pude ter
bem claro este conceito no Mundial da Grécia em 98. Na Europa,
principalmente, pratica-se um basquete com ênfase na defesa e nas
ações táticas coletivas. Não concordo muito com a idéia de
entre-safra de nosso basquete. Talento nós temos, faltando apenas
disciplina tática e um maior desenvolvimento físico de nossos
atletas, principalmente a nível de força e massa muscular.
Qual a sensação de
participar de uma Olimpíada?
As Olimpíadas são o
auge da carreira de qualquer um, pois você está no meio da nata
dos atletas de todo mundo. Cruzar com medalistas e recordistas
numa das ruas da vila olímpica é sempre um grande prazer. Você se
sente, junto com todos os outros habitantes da vila, durante
aqueles quinze ou vinte dias, a pessoa mais importante do mundo.
|