ENTREVISTA COM
ROSA BRANCA
Carmo de Sousa, o Rosa Branca,
completou 64 anos neste mês. A BBHEART não poderia deixar a
data passar em branco e entrevistou nosso bicampeão mundial e
bimedalhista olímpico que anotou 539 pontos em 78 jogos pela
seleção brasileira. Rosa Branca defendeu em sua carreira como
jogador, encerrada em 1971, o Nosso Clube Araraquara (SP), São
Carlos (SP), Palmeiras (SP) e Corinthians (RS). |
Foto: Alexandre Vidal
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BBHEART:
Quando começou a se interessar pelo basquete? Aonde, em que clube?
ROSA BRANCA:
Comecei a se interessar pelo
basquete em 1953 na cidade de Araraquara no Nosso Cestobol Clube.
Quem foi o seu primeiro técnico?
Meu primeiro técnico foi
o prof. José Barbanti Neto.
Quais foram seus
títulos mais importantes da sua carreira?
Todos são muitos
importantes, mas tem quatro que estão acima de todos: os Mundiais
de 1959 e 1963 e as duas medalhas de bronze olímpicas em Roma 1960
e Tóquio 1964.
Como foi treinar
com o maior técnico de todos tempos do basquete brasileiro, o
Kanela?
Treinar com Kanela não
tem como explicar. Ele sabia muito de basquetebol dentro e fora
das quadras. Como homem era também fora de serie. Ele se
preocupava muito com vida pessoal de cada jogador. Sua morte foi
para nós (que o conhecemos muito bem) e para basquete nacional foi
uma perda irreparável. Foi muito triste. Ele foi o melhor e sempre
será.
Como se sentiu
vestindo pela primeira vez a camisa da seleção brasileira?
Vestir a camisa verde e
amarela é uma responsabilidade muito grande, porque você carrega
milhões de brasileiros junto com você, além de nossa bandeira
nacional. Tem que ser muito patriota.
Como foi o
titulo de Bi-Campeão em 1963 no Rio de Janeiro?
Ser bicampeão na cidade
maravilhosa, com o carioca fanático por esporte, foi uma emoção
indescritível. Jogar naquele ginásio lotado nos deixou cheios de
orgulho.
Qual a diferença
que você vê entre o basquete de hoje e da sua época?
Existe muita diferença.
Na nossa época o basquete era jogado de forma mais coletiva dentro
de um sistema tático e técnico definido. Hoje predomina a força e
a velocidade. O biótipo do atleta também conta muito. Os jogadores
eram muito mais unidos.
Você acha que
criação das Ligas A e B serão a solução para o basquete
brasileiro?
É um item que tem que ser muito bem
pensado. A criação de ligas A e B, nas mãos de bons planejadores,
pode surtir bons resultados desde que com a participação da CBB
para que essa solução não venha ter um prejuízo futuro para
modalidade.
O que você acha que esta provocando
desmotivação dos atletas brasileiro em defenderem a camisa verde e
amarela?
Não vejo uma desmotivacao
dos nossos atletas. Minha sugestão é a criação de um campeonato
nacional de federações. Desta forma, motivaremos mais jogadores a
defender a camiseta de seu estado, que é o caminho para seleção
brasileira. Teremos mais público e, acredito, obteremos patrocínio
com mais facilidade.
Você vê alguma
iniciativa para descobrir e formar talentos no Brasil?
Primeiro temos que pensar
em um trabalho de base mais elaborado. Nossos técnicos precisam se
voltar mais para a periferia de suas cidades na busca de novos
talentos.
O que você acha
do papel dos agentes na vida dos atletas coisa que no passado não
existia com tanta força?
Discutir esse problema
nos dias é muito complicado. Não é só no basquete que existem
esses agentes. Eles são encontrados no volei, na natação, no
atletismo etc. Defendo uma relação direta com os clubes,
verdadeiros interessados no desenvolvimento dos jogadores.
Como é ser
Diretor de uma Federação onde se encontra o basquete
mais forte do país ?
Ser diretor da Federação
Paulista de Basketball é uma honra muito grande. Ter sido lembrado
pelo nosso presidente, Antonio Chakmati, me deixou muito
orgulhoso. É muito gratificante você estar colaborando com a
modalidade esportiva que me projetou para mundo através desta
grande entidade. Agradeço de coração o premio que o Toni (Chakmati)
está depositando em minhas mãos.
Qual a sua
opinião sobre a formação de um conselho consultivo com as grandes
celebridades do basquete brasileiro para respaldar a CBB nas
importantes decisões sobre nosso basquete?
Este procedimento depende
de uma decisão do presidente da CBB. Acho a idéia interessante.
Vamos torcer para que aconteça.
Qual a sua
opinião sobre a criação de uma associação ou sindicato atletas e
técnicos para defenderem seus direitos?
Acho que o basquete ainda
é, em termos legais, amador. Para você criar um sindicato, o
esporte teria que passar para profissionalismo, como na NBA e na
WNBA. Quantos aos técnicos, sem duvida, seria uma boa iniciativa.
Por que o
basquete não tem mais o prestígio de tempos atrás? E o que temos
que fazer para mudar este quadro?
Bem em minha época posso
dizer com letras maiúsculas que existiam dirigentes preocupados
primeiro com a modalidade e com o clube. Hoje em dia, o dirigente
pensa primeiro nele e depois no clube. Outro fator importante é a
imprensa, que era muito ligada ao basquete ajudando a colocar o
esporte como o segundo em preferência no país. Mas ainda é tempo
para reverter esse quadro. Precisamos de dirigentes com outra
mentalidade. Mesmo assim acredito que chegaremos lá.
QUERO AGRADECER A OPORTUNIDADE DE
PARTICIPAR DESTE SITE COM MUITO CARINHO.
ATENCIOSAMENTE,
CARMO DE SOUZA/ROSA BRANCA
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