A VERDADE SOBRE O BRASIL NO MUNDIAL
Por: Prof Ms.
José
Marinho
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Muito se
tem dito e escrito sobre as fragilidades de nossa
seleção e o quase inevitável fracasso no Mundial da
Turquia. Tiago Splitter externou sua opinião austera
sobre uma classificação entre os oito primeiros como
sendo um objetivo realista. Outros consideram quase
certa a repetição do fracasso de 2006. O que está
faltando é uma análise menos superficial da situação. As
próximas linhas tentarão ajudar o leitor a formar sua
opinião.
O panorama
do basquete mundial é muito peculiar, muito diferente da
realidade do futebol e do voleibol. Com exceção dos EUA,
que mesmo em tempo de vacas magras é sempre um
adversário a ser temido, existe uma coleção de no mínimo
15 países na região do purgatório, transitando entre o
céu e o inferno de acordo com o nível técnico de suas
gerações, qualidade de trabalho ou problemas de gestão
local. É bem verdade que nos últimos 12 anos não viemos
fazendo parte deste grupo, mas a performance na Copa
América nos dá esperança de uma possível reintegração.
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Em 2006, o Mundial
contou pela primeira vez com 24 seleções divididas em quatro
grupos de seis participantes. Os quatro primeiros de cada grupo
se classificam para as oitavas-de-final, disputadas em
eliminatória simples, e assim sucessivamente até a final. Quanto
melhor a posição na fase de classificação, menos difícil será
seu adversário nas oitavas. Se formos nos basear no Mundial do
Japão, haverá no mínimo dois europeus em nossa chave, isto sem
contar com os EUA, que poderá cair nela também. Como ganhamos a
Copa América e o mau agouro da antiga CBB são parte do passado,
talvez o sorteio desta vez nos beneficie.
Precisamos também
fazer nosso dever de casa. O Brasil dependeu nos últimos anos da
instabilidade dos três pontos e da pobre seleção de arremessos.
Nos poucos dias em que a bola caiu, tivemos chance de vitória.
Nos outros muitos, todos sabemos a resposta. Se mantivermos a
nova tendência vista na Copa América de boa postura defensiva e
valorização da posse de bola, nossos resultados tenderão a se
aproximar de nosso potencial. Além disto, ganhamos um ano para
forjar mais um armador, estamos contando com os retornos do
Nenê, Baby e cia, tendo como consequência o reposicionamento do
Guilherme para sua posição de ala, e passaremos a rezar todo o
dia para que ninguém se machuque. Deste modo, nosso elenco
passará a ter uma boa quantidade de opções.
Já existem 14
países classificados (Turquia, EUA, Brasil, Porto Rico,
Argentina, Canadá, Angola, Tunísia, Costa do Marfim, Irã, China,
Jordânia, Austrália e Nova Zelândia), restando seis vagas para a
Europa e quatro por convite da FIBA. O Europeu não entrou ainda
na sua fase de mata-mata, sendo muito difícil (dado ao
equilíbrio das equipes) prever quais seleções se classificarão.
Grécia e França aparecem como favoritas. Croácia, Eslovênia,
Rússia, Servia e Espanha estão na briga. Lituânia e Polônia
correm por fora.
Sempre existirão
duas ou três seleções européias muito difíceis de serem batidas,
portanto, é tratar de fugir delas fazendo uma boa fase de
classificação.
Por fim, o leitor
pode escolher o seu caminho: realista, pessimista ou otimista. O
realista acreditará que o Brasil cairá num grupo razoável, se
classificará em segundo ou terceiro, vencerá o duro confronto
das oitavas e ficará entre os oito. Em suma, o ponto de vista
Splitter. O pessimista pensará do mesmo modo anterior, só que o
Brasil perderá o confronto das oitavas. Já o otimista confiará
numa forte evolução de nossa equipe e na luta por uma medalha
através da vitória contra um destes temidos europeus (Grécia,
França, Turquia e cia) nas quartas, assim como a Austrália fez
em Sidnei 2000, Porto Rico no Mundial de 2002 (perdendo depois
para a Nova Zelândia!!!) e nós em 1996 na Espanha. Embora sete
dos 12 jogadores do último Mundial continuem em nossa seleção,
experimentamos muitos sofrimentos neste caminho, e nos
fortalecemos, me levando a crer, definitivamente, que uma
campanha pífia como a de 2006 esteja fora de questão.
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