REFLEXÕES SOBRE A 1a CLÍNICA INTERNACIONAL DE
TREINADORES DE BASQUETEBOL
Por: Prof Ms.
José
Marinho
A LNB e a CBB
em parceria com a AllSport promoveram a 1ª Clínica Internacional
de Treinadores de Basquetebol, realizada no inicio do mês de
julho em Barueri – SP. Um delicioso momento para se viver o
basquete da maneira que ele merece, mas infelizmente, não muito
frequente em nossa atual realidade. Espero que seja a primeira
de uma série de muitas iniciativas que culmine na Escola de
Técnicos e no Plano de Carreira da profissão.
Foram três dias para rever velhos
amigos, promover novas amizades, aprender e, principalmente,
pensar basquete e repensar conceitos. A Liga acertou em cheio na
realização do evento, fechando com chave de ouro o primeiro ano
deste, que parece ser um novo tempo de nosso basquete. A
AllSport, por sua vez, foi muito feliz na escolha dos
palestrantes. Moncho Monsalve, Julio Lamas, Helio Rubens, Flavio
Davis e Ricard Casas, que muito me impressionou por sinal,
demonstraram paixão pelo jogo e um conhecimento profundo de sua
profissão.
Mas afinal, quais foram os temas
relevantes, as novidades, as pequenas quebras de paradigmas, os
novos modos de pesar? Tentarei sintetizar o que mais me chamou
atenção sem ter a pretensão de ter captado tudo ou de analisar
os assuntos em todas as suas dimensões.
Eis os pontos
importantes:
1.
“Chegar jogando”
Parece ser unânime esta nova
tendência. Num primeiro momento, tenta-se puxar o contra-ataque
vislumbrando uma situação de superioridade numérica. Três contra
três em movimento, por exemplo, é uma situação de
“superioridade” (o ataque tem a iniciativa e o espaço). Caso
exista um bom equilíbrio defensivo, a equipe deve iniciar
imediatamente seu sistema de ataque. O “velho clichê” de voltar
a bola para o armador e começar a jogada está fadado ao
esquecimento. Um exemplo:
2.
A importância da
posição 4
No basquete moderno de muita
condição física e facilidade de acesso às informações, o jogo
com dois pivôs fixos está agonizando. As novas regras, onde o
garrafão medirá apenas 4,90m e a linha de três estará 50cm mais
afastada acelerarão ainda mais a necessidade das equipes em
atuarem com quatro jogadores abertos. A posição 4 exigirá de seu
ocupante qualidade nos passes (high-low, viradas de bola, etc),
bom arremesso de três pontos e habilidade em atacar com drible
para gerar desequilíbrios nas defesas. Isto sem falar nas
atribuições defensivas. Em resumo, características mistas de
pivô e, principalmente, de ala. A meu ver, os técnicos devem
idealizar novas estratégias de treinamento específicas para as
“novas” funções desta posição de jogo.
3.
Poucas jogadas,
muitas variações
Uma frase marcante proferida pelo
treinador espanhol Ricard Casas: “Adaptações defensivas geram
variações ofensivas do mesmo sistema”. A idéia de inúmeras
jogadas parece estar defasada. O conceito é ter um número
reduzido de sistemas que reajam de forma diferente caso a defesa
antecipe um movimento ofensivo. Trata-se da leitura da ação
defensiva por parte dos atacantes.
4.
Pick and
Roll – Ação ofensiva da moda
O bloqueio direto móvel (pick and
roll) e todas as suas variações vem sendo constantemente
utilizado em todos os níveis do basquete, exigindo atenção
especial das defesas para combatê-lo. Existem pelo menos 5
fórmulas de defesa ao pick and roll. A escolha da melhor opção
vai depender das características dos atacantes (bom
arremessador, bom infiltrador, bom pivô, etc), posição da quadra
onde o bloqueio está ocorrendo e da habilidade dos defensores.
Eis as fórmulas:
a.
Vai e volta (Flashing)
Evitar as ações para o meio
da quadra
Pivô antecipando do
jogador com a bola
Ajuda do lado
oposto (∆ em minizona)
b.
Negar o bloqueio
(Denying)
Pivô defende o fundo
Defensor direto fecha o meio
Ajuda do lado oposto (∆ em minizona)
c.
Passar por trás (Pushing)
Pivô empurra o oponente
Defensor direto passa por trás
d.
Dois em um (Trapping)
Dois (defensor direto e pivô)
dobrando sobre o oponente com a bola
Rotação defensiva do outro pivô
e.
Troca
(Switching)
E
ajuda do pivô do lado oposto
5.
Conceitos básicos
ofensivos do basquete moderno
- Qualidade dos passes
- Movimentação sem bola
- Criação de ângulos e timing
(sincronismo)
6.
Conceitos básicos
defensivos do basquete moderno
- Equilíbrio defensivo (4-10
contra-ataques no máximo por jogo)
- Evitar arremessos equilibrados e
não permitir bandejas
- Não permitir o rebote ofensivo
(menos de 10 por jogo)
- Antecipar as ações ofensivas do
adversário para fazê-lo fugir de seu padrão de jogo
7.
Acredite nos seus
conceitos e convença seus atletas
Quase não existe certo ou errado no basquete. O importante é o
comprometimento de todos com o padrão de jogo proposto.
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