A Queda da
Constantinopla Brasileira
Por: Prof Ms. José Marinho Marques Dias Neto
A Idade Média foi
um período da história que tinha como características a economia
ruralizada, o enfraquecimento comercial, a supremacia da Igreja
Católica, o sistema de produção feudal e a sociedade
hierarquizada.
Embora muito tempo
já tenha se passado da ultima vez que abri um livro formal de
história, não há como não observar inúmeras coincidências entre
esta fase obscura da história e os últimos 12 anos de nosso
basquete.
A começar pelo
sistema feudal, onde todos os poderes jurídico, econômico e
político concentravam-se nas mãos dos senhores feudais. A
sociedade era estática e hierarquizada. No poder desde 1997,
Grego, Manteiga e o Bob concentraram todas as decisões de nosso
basquete sem consultar ninguém em momento algum, transformando a
CBB em um grande feudo contemporâneo. Todas as iniciativas eram
imediatamente rechaçadas. O estilo “grego” de vou estudar sua
proposta e jamais lhe darei uma resposta ou satisfação foi uma
marca de sua “gestão”. Hoje se sabe que qualquer grande empresa
que se preze dispõe de um conselho consultivo para respaldar os
atos de seus diretores. No nosso basquete não faltam figuras
ilustres que graciosamente (tenho certeza) poderiam contribuir
quando consultadas.
Por outro lado, a
produção econômica medieval era muito baixa, pois as técnicas de
trabalho agrícola eram extremamente rudimentares. Além disto,
grande parte da população medieval era analfabeta e não tinha
acesso aos livros. Isto me faz lembrar dos paupérrimos
resultados obtidos pelo basquete brasileiro e das irrisórias
iniciativas para capacitar técnicos / professores e descobrir
talentos da “Era Grego”. Tabela 1.
TABELA 1
Participação
Brasileira nas Principais Competições Internacionais na “Era
Grego”
|
1997 |
1998 |
1999 |
2000 |
2001 |
2002 |
2003 |
2004 |
2005 |
2006 |
2007 |
2008 |
Jogos
Olimp |
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NP |
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NP |
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NP |
Mundial |
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10o
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8o |
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17o |
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Pré-Olimp |
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6o |
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7o |
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4o |
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Copa
Amer |
3o |
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2o |
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1o |
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SulAm
s15 |
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3o |
SulAm
Cad |
1o |
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2o |
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4o |
1o |
2o |
3o |
3o |
1o |
3o |
|
SulAm
Juv |
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1o |
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2o |
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|
|
|
3o |
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4o |
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CopAm
Juv |
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3o |
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6o |
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|
|
3o |
|
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Mund
Juv |
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8o |
|
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|
NP |
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|
4o |
|
SulAm
s21 |
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2o |
|
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|
2o |
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|
CopAm
s21 |
|
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|
|
|
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|
6o |
|
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|
Mund
s21 |
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|
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NP |
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|
|
NP = Não
participou
A linha de frente
da CBB foram as esparsas clínicas técnicas de relevância
extremamente questionável, que estão longe de resolver o
problema de capacitação profissional de nosso basquete, bem como
pouco acrescentam no processo de descoberta de talentos. A
Escola de Técnicos (presencial e virtual), um plano de carreira
com níveis de proficiência, festivais de iniciação ao basquete,
parcerias com prefeituras e estados para desenvolver o basquete
escolar, apoio estrutural e gerencial às federações, etc nunca
foram nem cogitados. O terceiro lugar no continente, a longa
ausência olímpica e as posições secundárias nos Mundiais não são
fatos meramente circunstanciais como alguns querem nos fazer
crer. São conseqüência de uma política (ou melhor, ausência de
política) desastrosa de fazer basquete.
Ainda na Idade
Média, grandes pestes devastaram populações. Não foram as
contusões que devastaram nossa seleção adulta masculina, mas sim
a falta de estrutura, credibilidade, competência e compromisso
do pessoal da CBB que pôs fim aos nossos sonhos. Em
nenhuma competição oficial estivemos com nossa força máxima. Os
resultados falam por si próprios. Além disto, um número
infindável de pessoas ligadas ao basquete (no qual me incluo) se
afastaram por estarem desgostosas com a situação ou por não
verem qualquer perspectiva profissional. Muitos clubes fecharam
as portas. Nosso basquete se tornou uma terra inóspita.
A história
medieval também nos remete ao tempo da inquisição, onde os
suspeitos de bruxaria ou cientistas que contrariassem a doutrina
cristã eram perseguidos e julgados, e muitos dos condenados eram
queimados vivos em plena praça pública. Os leprosos eram
isolados nas florestas e havia leis contra sua circulação. Ai de
quem fizesse um comentário sequer ou uma critica à “Gestão
Grego/Mateiga”...jamais seria lembrado novamente. Ou se dança
conforme a música ou exílio total!
Poderia continuar
com muitas outras estranhas semelhanças da história medieval e
da história recente do basquete brasileiro, mas creio que seja o
suficiente.
O que importa é
que o dia 4 de maio de 2009 está chegando. Que ele signifique a
nossa conquista de Constantinopla, pondo fim a Idade Média de
nosso basquete. Aqui, diferente da história antiga, na qual a
invasão turca marcou o fim da hegemonia romana, estaremos nos
livrando da tirania “grega”.
bbheart@bbheart.com.br
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