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“Não dá pra ser feliz...”
Por: Prof Ms. José Marinho Marques Dias Neto

O basquete brasileiro vive um momento bastante intrigante. Se por um lado o fim da macabra gestão do Grego e seu pequeno grupo sobre o Campeonato Brasileiro e a consequente criação do NBB parece ter inspirado quase que instantaneamente nossas equipes nas competições internacionais, estamos às vésperas de uma nova eleição na CBB, na qual a pequena luz de esperança de novos tempos ameaça se esconder atrás das nuvens escuras da irresponsabilidade e da falta de compromisso de alguns presidentes de federação.

Nosso sucesso recente começou com o titulo da Liga das Américas do Universo Brasília. Trata-se da redenção da carreira competente e vitoriosa do técnico Lula após sua infeliz passagem pela Seleção. Sem dúvida, Lula teve muitos problemas em motivar os “estrangeiros” a vestir a “amarelinha”, mas se tratava de uma missão inglória devido à falta de habilidade de relacionamento e da nula credibilidade do pessoal da CBB.

Outro personagem digno de nota foi o Alex. Líder por exemplo, o ala apresentou energia inesgotável, sempre marcando o melhor jogador adversário sem perder forças de decisão no ataque.

Contamos nos dedos de uma de nossas mãos as vezes que vencemos os argentinos fora de casa em partidas importantes nos últimos tempos. Lembro-me do Vasco em 1999 contra o Boca e ponto. O Flamengo tornou-se campeão sul-americano batendo dois de uma só vez! No jogo final, apesar de algumas oscilações de performance, a dedicação e o empenho da equipe foram de emocionar. Quando o técnico Paulo Chupeta voltar das terras argentinas, além de receber um longo abraço de cumprimento, terei de questioná-lo sobre como ele conseguiu manter o nível de motivação de um grupo sem salário há quatro meses. Já passei por situação semelhante no mesmo Flamengo em 1995 junto com Miguel Angelo da Luz e não tivemos sucesso. Chupeta, por sinal, foi meu contemporâneo no Fla, onde sempre demonstrou grande capacidade de trabalho e muito compromisso. Alias, estranhamente, seu nome não está relacionado para a votação de melhor técnico para o Jogo das estrelas do NBB.

E o que falar do Marcelinho? Após um primeiro tempo sensacional, muita capacidade de decisão nos momentos finais. Creio que tenha sido o título mais importante de sua carreira, nem sempre tão valorizada por alguns. Em um longínquo 1986, ele foi campeão pela primeira vez como armador de uma equipe pré-mirim dirigida por mim. Desde aquela época já estava claro seu enorme potencial. Que pena ele ter optado por ser um ala pontuador (de nível internacional, é verdade) e ter se esquivado da posição de armador. Creio que nesta posição ele pudesse ter realizado seu sonho de atuar na NBA.

Nós, que gostamos do esporte, estamos todos orgulhosos. A auto-estima de nosso basquete atingiu, através dos feitos de Brasília e do Flamengo, um nível que a muito não se sentia. Infelizmente, não dá para deixar de pensar que daqui a algumas semanas todo este entusiasmo pode se transformar em tristeza e desesperança. A manutenção deste alto astral recente depende da consciência de 27 pessoas. E é aí que mora o perigo...

bbheart@bbheart.com.br