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DOIS NOMES PARA A SELEÇÃO
Por: Prof. Ms. José Marinho

Exercer o cargo de técnico de basquete está longe de ser uma tarefa fácil. Para começar, não existe legislação, representatividade funcional ou um plano de carreira para a profissão. Qualquer um, isso mesmo, qualquer um pode ser técnico de basquete. Não há qualquer restrição. Se, por exemplo, um grande empresário quiser comprar um time e se nomear como técnico, ninguém poderá impedir. Além disto, ex-jogadores param de jogar e se transformam por mágica em técnicos de equipes adultas, atropelando qualquer processo justo ou meritório. O que esperar de um ambiente dito profissional, no qual dirigentes amadores (e despreparados) são responsáveis por quase todas as decisões importantes.

            Como o basquete amarga um inferno astral desde o Pan de 1987 para os otimistas ou desde o Mundial de 1978 para os mais sisudos, existe atualmente pouco apelo de mídia e interesse dos patrocinadores. Em suma, pouco dinheiro circulante. Desta forma, clubes fecharam as portas e os salários abaixaram, servindo como justificativa para o baixo nível de capacitação de nossos treinadores. Poucos investem na formação, estudam, fazem cursos, participam de congressos e, até mesmo, assistem aos jogos disponíveis. Se escondem atrás de uma couraça de arrogância, negando a constante transformação dinâmica do basquete e se esquivando na evidente multidisciplinaridade da função, que acaba por exigir conhecimentos profundos de treinamento esportivo, psicologia, informática, gestão de pessoas e de informação, entre outras atribuições.

            Estamos num momento crítico outra vez. De costas contra a parede na iminência de ficarmos fora de mais uma olimpíada. A CBB acena com a contratação de um técnico estrangeiro. Para nossos “inspirados dirigentes”, o treinador cumpriria um mandato tampão de seis meses até o pré-olímpico mundial. Temos um bueiro destampado, providenciem uma rolha, por favor! Qualquer política para capacitar, estruturar e legalizar a carreira de treinador, nem pensar...

            Antes de analisar com mais profundidade o assunto da sucessão do Lula (desculpem o trocadilho), é importante contextualizar todo o processo de deterioração de nossa seleção nacional. Me recordo que os culpados no início eram Marcel e Oscar, que se perpetuaram no “poder”, não dando chance aos mais jovens. Depois foi o estilo de jogo Kamikaze, sem o talento de outrora e que contrariava a lógica do basquete na época. Mais tarde veio a renovação de nomes e conceitos proposta por Hélio Rubens, que se estendeu tanto quanto a falta de resultados. E por fim, a “chave de ouro” dos incríveis erros de planejamento e de inabilidade nas relações pessoais dos últimos tempos.

            Mesmo com todos os motivos citados acima e outros muitos que escapam o tema deste artigo, e reconhecendo a quase inexistência de treinadores de ponta em nosso basquete, penso que o campeão mundial Miguel Ângelo da Luz merecesse sua chance. Um amigo me sugeriu um outro nome muito interessante: Maria Helena Cardoso. Por que não? Conheço técnicos tão obstinados quanto ela, mais, nem pensar... Além disto, a CBB não tem “bala na agulha” para contratar um técnico de peso do estrangeiro. Um bom nome europeu não pedirá menos US$ 20 mil por mês para desembarcar em nossas terras. Ainda mais numa canoa fazendo água...

            Decisões deste tipo, ainda mais nas circunstancias atuais, mereceriam ser respaldadas por um conselho de notáveis. Não se trata de fuga da responsabilidade, mas sim de ganho em credibilidade. Como isto com certeza não irá ocorrer e o discernimento não é uma das virtudes atuais das pessoas que tomam decisões em nosso basquete, venho humildemente sugerir dois nomes estrangeiros e famosos para função: o inglês Rowan Atkinson ou o mexicano Roberto Gómez Bolaños!

Críticas e sugestões: bbheart@bbheart.com.br