Mais
quatro anos de obscurantismo
Por: Prof.
José Marinho Marques Dias Neto
A
Idade Média foi a época das trevas da humanidade onde o poder
pertencia a poucos. Não havia democracia. Poucos tinham acesso ao
saber e os que detinham a cultura se julgavam donos da verdade.
Todos que tinham um ponto de vista discordante ou idéias novas
eram considerados hereges sob risco de arderem queimados nas
fogueiras da Inquisição. A classe dominante cobrava impostos altíssimos
dos vassalos e servos. Era a época do feudalismo, no qual o dono
da terra pouco produzia, mas submetia todos ao seu domínio. De
nada adiantava trabalhar, se esforçar ou ter competência, que a
imobilidade social era total. O senhor era dono de tudo, impedindo
qualquer manifestação de iniciativa.
Infelizmente,
a Idade Média do basquete brasileiro irá continuar por mais um
longo período. Grego foi reeleito para seu terceiro mandato.
A
Época das Trevas do poder centralizado, das idéias retrógradas,
da falta de talento e iniciativa, da falta de criatividade, da
falta de investimento na formação de atletas, da carência de
estratégias para captação de recursos, dos resultados
inexpressivos, da impopularidade e do ostracismo de nosso basquete
irá continuar por mais quatro longos anos.
Se
nosso esporte não fosse (em si) tão bonito, atraente e
inteligente, eu diria que sua morte estaria decretada em nosso país.
Mais quatro anos de falta de prestígio popular, de decisões
arbitrarias e de derrotas é de lascar! Nossos atletas da base ao
adulto, os técnicos e professores, a torcida, o mundo do basquete
brasileiro em geral estão de luto.
Esses
18 senhores (da Idade Média!!! - quem sabe?) são co-responsáveis
por tudo isto que está acontecendo. Infelizmente, para a maioria
deles, o basquetebol não passa de um passatempo. Em seus estados
praticamente não existe o esporte. Quase não existem
campeonatos, clubes ou atletas. Mas o poder de decidir os rumos de
seu passatempo pertence a eles. Os que levam a sério, os
profissionais (e seus clubes), que não votam por sinal, arcarão
com os custos desta decisão, que por direito lhes devia
pertencer. Enquanto nossos legisladores não se derem conta da
importância do esporte como instrumento de educação e de
divulgação do país no exterior, criando leis que ponham seus
rumos na mão de quem de direito, ficaremos a mercê de pessoas
sem nenhum compromisso, responsabilidade ou representatividade.
Muitos
costumam medir o fracasso da atual administração pela carência
de resultados internacionais. A ausência de duas olimpíadas no
masculino, a perda da hegemonia continental, a desclassificação
das competições mundiais nas categorias de base ou a queda do nível
técnico do basquete feminino são motivo de muita preocupação.
Mas a falta de ações de reciclagem profissional, de estratégias
de descoberta e desenvolvimento de talento e de apoio aos clubes e
escolas estão decretando a falência total de nosso basquete.
Infelizmente, este ambiente totalmente sombrio irá prosseguir por
mais um bom tempo.
O
que sempre me afligiu foi a passividade do meio do basquete diante
de tantos desmandos.
Agora,
pelo menos uns poucos começam a se insurgir contra o feudo do
presidente Grego e seus senhores das federações. Nenê, nosso
jogador de maior prestígio, afirmou que não mais defenderá o
Brasil enquanto eles estiverem no poder. Oscar, nosso maior ídolo,
se cansou de ser explorado e deflagrou a Nossa Liga. Grego já deu
declarações de que não apoiará a liga e eu não tenho dúvidas
de ele tudo fará para desestabilizá-la. Uma oposição, tímida
é verdade, já começa a se estruturar.
É
impressionante como o discurso da CBB nunca corresponde à
realidade. Há oito anos eu ouço que as pessoas de prestígio no
esporte serão consultadas nas tomadas de decisão mais
importantes. Que ocorrerão ações de massificação do basquete.
Que nossos resultados internacionais melhorarão. Que um centro de
excelência será construído. E blá, blá, blá... Só os 18
senhores acreditam...
Não
sei se a eleição de Hélio Barbosa significaria o início da era
renascentista de nosso basquete, mas plagiando os Modernistas
posso afirmar sem medo de errar: nós não sabemos quem queremos,
mas sabemos quem não queremos.
Faço
das palavras de nosso ídolo Oscar minhas palavras: "meus pêsames!"
Dúvidas
e sugestões: bbheart@bbheart.com.br
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